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Obras Publicadas - trechos
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estilhaços de babel
Poesia, 2006
Érico Braga Barbosa Lima
16x23cm
129 páginas
Preço promocional: R$ 19,00 (preço normal: R$ 27,00)
aterrando o poço com mais areia que nele cabe quebrando ossos como se liquido fosse e sólido mais do que dentro de ti inteiro completo sem sobras cabeça e braços e tronco e membros dentro do ventre sêmen corporificado em pós-semente homem em ti rasgando coxas abrindo hábeis seu corpo teu corpo são lábios que se abrem em beijos Dentro da boca palato língua bochechas garganta engasgadas infladas em presença da hóstia endemoniada em orgasmo fértil transubstanciada corpo esmagado submisso desesperadamente imóvel e eu adoro isso adoro isso adoro isso Adoro todos os espaços que te invado são teus pelo que acolhem envolvem e abraçam e meus pelo que neles não cabe e então mais invado Na borda da cama o colo é trono o abraço é reinado absurdo e inalienável célula tronco de gêmeos da libido em espirais sem cansaço Estar dentro ser dentro empurrar para dentro com gosto e força em corrupção e vontade — e por dentro! — na devassa dos órgãos aflitos ser também teu cérebro e cabelos ebulição e tormento ao devorar o verso que te arrepia a nuca a perna e a boceta que se inunda de vida devorando cada pelo em arrepio a memória que te principia a imagem que não te contenta comendo a comida de tua boca digerida pasta crassa em amor e saliva Comendo-te você é a comida em minha boca Engolir cada fragmento do teu gosto do cheiro que cheira a cuspe e alimento Dentro do teu ôrco cerebral como ogro e vento que não contemplas mas que sente o que sentes ali dentro invadindo os canais os vieses os vãos do que vês do que ouves e o que gozas como parasita infame que te corrói arrogante em simbiose egoísta mas gostas ‘Você’ invadida irresitida tombada Tróia castigada em violência registro e necessidade não por um mas por todos os artifícios infalíveis da minha urgente visita aos teus poros e orifícios em paixão mais que grega ou profana mais que vil mais que santa imolação sem sacrifícios senão os da regra da moral de tirocínios Dentro inteiro cáustico incendiário em teus buracos comendo a pele dos teus lábios do teu pescoço devorando inteiros teus arrepios tombada que estás dentes na nuca cabelos de rédeas em mãos trogloditas e língua gentil em todos os espaços a perturbá-la Teus pelos da coxa como porco espinho de espuma são meu sinal para mais um esforço e mais outro esforço e mais outro esforço até verter o magma corrupto e desabrido para irrigar cabelos gozar nos seios no umbigo no rosto e nos poros que imploram o sebo infame grudento e aflito em anseio de proibido Teus outros lábios mais que vaginais contraídos em volúpia medo e descoberta também invado cutuco incomodo e desobrigo à virginal moralidade invisível [e eles me imploram e abrigam...] como para te inventar um novo sentido às margens da sensação desejada imaginada querida machucada cíclica assídua e obrigada como para te dar um novo enleio em vestes da mulher completa a que nada mais intimida Corrôo-te as faces com a lixa da face por excesso de carícias e desvelo e paixão desenfreada Como-te, como-te, como-te como nunca amantes mil puderam comê-la fodendo todos ao mesmo tempo por todos os lados com todos os vícios Pau no teu corpo por todo o teu corpo meu peso em teu corpo sou eu em teu corpo — um imenso caralho pra toda foder-te em cabaço e passado em memória e futuro em presente e teu corpo agora comido em ato infalível com tudo que há de meu dentro e dentro e dentro em impossível possível sou casca e sumo inteiro sou teu e é tua esta porra mas é meu o teu grito e na imagem intacta do depois somos apenas nós dois às margens do nada e do infinito