Lucho Apoelo

Crônicas - Esoterismo, 2007
Rogério Barbosa Lima
16x23cm
211 páginas
Preço promocional: R$ 19,00 (preço normal: R$ 34,00)

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A Pedra

Educado na livre escola da experiência, julga o homem vencer os grandes obstáculos como senhor absoluto, que se presume, de toda a criação. Esquece-se, porém, de sua pequenez e, quase sempre, do pouco que vale em face do grandioso transcendentalismo do destino. Desconhece, igualmente, o ponto de luz da sabedoria divina e o poder de onde derivam todos os profundos e insondáveis mistérios da natureza, sempre e sempre a portentosa irradiadora de perenais deslumbramentos. Ignora, por fim, as raias que servem de limites à fragilidade de sua ousadia.

E vencê-las de um salto é coisa que lhe parece fácil, almejando alcançar o impossível, como o paraíso de seus mais desmedidos sonhos de grandeza, deixando à margem, quase sempre, na vertiginosa carreira que segue, os melhores e mais sagrados sentimentos do bem pelo bem, a luminosa concepção messiânica da difusão da caridade.

Reticências? Pontos de vista? Traçados da vida?

Que siga cada qual o seu roteiro na existência, sabendo elevar-se para vencer com a sabedoria suficiente para entender que, em nosso contacto com o mundo, transmitimos também o que há de mais sombrio no ser humano: egocentrismo, agressividade, mentira e inveja. Será que a semente solar que somos não nos faria condutores de compaixão, acolhimento, verdade e calor humano?

A pedra

Um pobre foi pedir esmola na casa de um rico, que nada lhe deu e ainda berrou:

— Saia daqui!

Mas o pobre não se moveu. O rico, zangado, atirou-lhe uma pedra, que o pobre apanhou e segurou junto ao peito, dizendo:

— Vou guardá-la até quando, por minha vez, puder atirá-la em você.

Passou o tempo. O rico se envolveu em uma tramóia e, despojado de tudo quanto tinha, foi recolhido ao cárcere.

Vendo-o em tal estado, o pobre dele se acercou, puxou a pedra — que sempre trouxera consigo — e preparou-se para atirá-la, mas, refletindo, deixou-a cair ao chão e disse:

— Foi inútil conservar durante tanto tempo esta pedra. Quando ele era rico e poderoso, temia-o. Agora me compadeço dele.

Pedras no caminho?

Guardo todas. Um dia construo um castelo.

Provérbio Italiano

"Ao final do jogo, peão e rei voltam ambos para a mesma caixa."

A virtude é uma árvore cujas raízes se formam na terra, mas cujos frutos se colhem no céu.